A pesquisadora Daphne Bavelier da Universidade de Geneva (Switzerland), em seus estudos que combinam abordagens comportamentais e neuroimagem para estudar como os seres humanos aprendem e como o cérebro se modifica de acordo com diferentes experiências, afirma que o uso de videogames como Call of Duty, pode sim representar uma melhora na visão e na atenção dos alunos.
Videogame: vilão ou mocinho para a melhora do desempenho nas aulas
Este polêmico instrumento de recreação visto na maioria das vezes como algo violento e assustador para nossos alunos, pode ser útil em alguns aspectos cognitivos. A pesquisadora comparou usuários de jogos de ação como o Call of Duty e de jogos sociais como o The Sims e concluiu que os usuários do primeiro apresentaram uma melhora na coordenação motora, na visão de pequenos detalhes e maior capacidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. O último relatório Pisa mencionou também correlação positiva entre o desempenho em leitura e a prática de jogar videogames.
A questão está em resolver de forma equilibrada a relação entre os benefícios possíveis e a agressividade trabalhada nos jogos.
A defesa desse tipo de jogo e sua relação positiva com os aspectos educacionais é controversa mesmo entre os cientistas. A própria Daphne Bavelier afirma ser necessário descobrir uma forma de construir jogos que unam as estratégias presentes por exemplo no Call of Duty com as fundamentais para a Educação, sem reforçar os aspectos agressivos por vezes presentes nos jogos, mas sim, aspectos relacionados ao desenvolvimento cognitivo. A pesquisadora compara esta necessidade como se tivéssemos que criar uns brócolis com gosto de chocolate, onde todos comeriam os nutrientes necessários para uma boa saúde, mas não perceberiam esse benefício, se deliciariam com os brócolis como se estivessem comendo chocolates. Na verdade, é o que todos nós Educadores sonhamos!
Dentro dessa polêmica, o papel da escola e da família passa a ser fundamental, pois as duas juntas podem avaliar os aspectos positivos dessa prática para cada aluno, observando os ganhos e possíveis perdas.
Aos pais fica a dica de não se desesperarem diante de seu filho (a) em frente a um jogo a princípio agressivo, calma, não é só por isso que esta criança sairá distribuindo agressividade pelo mundo, será mais pelo seu exemplo, diálogo, carinho e atenção que se formará esse sujeito e não por um simples jogo.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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