Você sabia que vários sites da internet enriquecem seus donos apenas pelo número de curtidas dos usuários? O que parece valer não é a veracidade da notícia, mas sim, o potencial de curtidas prometido, mesmo que seja uma “meia verdade”, ou nem meia.
Uma pesquisa desenvolvida por estudantes de computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coloca os holofotes sobre a influência manipuladora dos algoritmos na vida humana contemporânea.
Conceituando aqui algoritmos como programas que identificam os nossos hábitos ao usar a internet e nos classifica quanto gostos e tendências de mercado, o estudo afirma que quando utilizamos a internet para buscar um produto ou para curtir um assunto que nos interessou naquele momento, imediatamente somos inundados por outros temas parecidos com o que procurávamos antes, porém, com mais agressividade.
A pesquisa mostra que quanto mais cedemos ao apelo virtual em um determinado assunto, mais somos tomados pelo mesmo assunto de forma cada vez mais polarizada e hostil.
Dados científicos
Os pesquisadores da UFMG analisaram mais de trezentos mil vídeos, setenta milhões de comentários e trezentos canais de internet durante meses e concluíram que quanto mais o usuário acessa, por exemplo, no caso brasileiro, vídeos de polarização política, mais são direcionados para outros vídeos fortemente polarizados e mais agressivos, agravando de forma escalonar a polarização, em prol do maior número de visualizações e “likes”. Quando o usuário acessa um vídeo com comentários mais leves e não polarizados, é sugestionado a visualizar vídeos mais pesados e agressivos.
Ao final dessa viagem virtual há a criação de um grupo de pessoas cada vez mais extremadas, acreditando que aquela visão de mundo que tem acesso rapidamente é a única possível e real. Nesses casos, os algoritmos tendem a levar o usuário para uma radicalização alimentada por ele e real somente a ele, o usuário.
É preciso esperteza e jogo de cintura
Precisamos exercitar o pensamento que vai além do mundo virtual, alargando a discussão entre pessoas de opiniões diversas, com argumentação respeitosa e disposição para a escuta atenta, sem pressa e com pluralidade humana.
Ao usar a internet diante da existência de um viés ideológico dado pelo uso tendencioso dos algoritmos, é preciso saber educar a máquina, direcioná-la para a sua preferência e não se deixar levar pelo mundo criado pela web.
Cada decisão tomada pelo usuário na internet significa um processo educacional onde a maquina utilizada aprende sobre suas preferências e passa a oferecer maior profundidade no assunto pesquisado.
Saiba educar a máquina e não permita ser educado/controlado por ela. Pesquise a veracidade da notícia antes de republicá-la, compare-a com outros sites mais confiáveis, controle seu impulso pela fama criada ao postar um “furo de reportagem” em detrimento da verdade.
A saúde de nossa sociedade e nossa própria sobrevivência depende disso.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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