O exato momento em que ela duvidou de sua sanidade mental. Estaria enlouquecendo?
Adina sentia que sua fala parecia estar desconectada de sua ação. Falava da boca para fora, mas seus pensamentos eram outros e sua vontade surfava entre a fuga e o enfrentamento.
Diante de seus olhos uma pequena aglomeração aguardava seu comando, era só ela a comandar aqueles mistos olhares curiosos, hostis e desafiadores, que a fitavam talvez na ânsia de ver o fim daquele instante eterno ou quem sabe até, tomados por uma vontade de ouvi-la. Mas ouvir o que se sua mente a traia sem dó.
Na primeira fileira, bem ao alcance do seu primeiro olhar, estava ele, com sua cicatriz que revirava as suas memórias mais profundas. Um arrepio tomou conta de suas vértebras e resultou em um tremor observado atentamente por aquele rapaz da cicatriz. Justo ele…
Havia muito o que falar, o que ela sabia podia mudar o curso da história e a vida de cada um dos presentes. Não era justo que enlouquecesse logo naquele momento.
De repente alguém se levantou e perguntou:
_Posso gravar sua apresentação?
Realmente era o fim, suas pernas tremeram na altura do joelho em um movimento sem controle, pois além de não comandar mais suas ações e falas, alguém ainda queria registrar o momento.
Mas como a sua fala naquele momento se desconectava da ação respondeu com um belo sorriso no rosto:
_ Sim, claro!
Mas por que diabos falamos coisas que na verdade não queremos lá no fundo da nossa alma. E agora, como será?
Talvez devesse fingir um desmaio, ou um telefonema urgente ou até um mal súbito, mas isso não estaria certo, algo lá no fundo da mente a impedia de cometer tal ato. O jeito era enfrentar.
Todos estavam a postos, já com seus celulares prontos para a gravação. Fracasso ou sucesso, o certo é que ficaria registrado na história.
Em um movimento súbito a porta da grande sala se abre e uma pessoa interrompe de forma desconcertante o ambiente que parecia encaminhar para o destino fatal.
Naquele momento ela teve a certeza que não havia mais muito tempo e que precisava contar logo tudo o que sabia a todos os presentes. Sua vontade era de colocar aquele intruso para fora da sala, mas outra vez ela controlou sua vontade, que de certa forma se desconectava mais uma vez de sua ação e respondeu:
_ Pois não, deseja algo?
Ao mesmo tempo em que falava, pensava que agora, além de louca, havia se tornado mentirosa, dissimulada. A que ponto tinha chegado.
Logo o rapaz bem vestido que abria a porta se identificou como funcionário do local e pediu licença para filmar a apresentação como forma de registro da Instituição e posterior publicação em suas redes sociais.
Claro que mais uma vez ela respondeu sim.
Quantas vezes você leitor ou leitora se sentiu como Adina?
Mesmo não se vendo no mesmo ambiente ou situação, quantas vezes você sentiu que sua fala na verdade se desconectava da sua vontade mais íntima?
Será isso normal ou será o caminho da loucura?
O texto a seguir pretende conduzir você nos caminhos abertos pela Neurociência de mãos dadas com a Educação, se valendo de uma ficção para explorar de forma surpreendente e divertida as novas descobertas sobre o cérebro humano.
Vamos embarcar nessa aventura?