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Um corte no Orçamento Federal de 2022, na área da Educação, no valor de R$ 740 milhões, é uma vergonha nacional. Está em curso um processo de desmonte da Educação Pública, que resultará no aprofundamento da injustiça social.
Como é possível, em plena pandemia de Covid-19, momento difícil para cada cidadão do planeta, ocasião de reconstrução humana, realizar cortes orçamentários em áreas como Trabalho/Previdência, Educação, Desenvolvimento Regional, Cidadania, Infraestrutura, Agricultura e Saúde?
Pois não é um pesadelo, é verdade, e acontece aqui, no Brasil. O governo federal sancionou o Orçamento de 2022 promovendo um corte orçamentário de R$ 3,2 bilhões nas contas públicas.
Esse mesmo orçamento, reservou para as chamadas emendas parlamentares (orçamento secreto) um total de R$ 17,6 milhões para cada parlamentar[1], o que representa um aumento de 192% acima da inflação de 2016 a 2022.
Emendas parlamentares são preservadas no orçamento, e aumentam 192% desde 2016
Há ainda, a previsão de R$ 1,7 bilhão para reajustes de servidores públicos e R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral.
Os programas e ações do Ministério da Educação[2] voltados para a Educação Básica, tiveram redução de aproximadamente R$ 400 milhões, seguido de um corte na casa dos R$ 34,4 milhões no apoio à consolidação, reestruturação e modernização das Instituições Federais de Ensino Superior. Sem falar nas Instituições hospitalares federais, vinculadas ao Ministério da Educação, que amargaram um corte de R$ 100 milhões.
O aprofundamento das desigualdades
Com os cortes orçamentários na Educação Pública, a qualidade educacional é seriamente prejudicada, fato que aprofunda as desigualdades de oportunidades.
Fala-se muito em meritocracia, coloca-se a responsabilidade do sucesso ou insucesso no indivíduo, como se todos iniciassem sua caminhada no mesmo ponto, como se as oportunidades estivessem à disposição de todos, mas não é bem assim. Poucos são os privilegiados, a maioria apenas sonha, quando encontra espaço para sonhar.
Uma Educação Pública de qualidade, para todos, é o primeiro passo para a justiça social. Enquanto alguns tiverem muito e outros quase nada, falar em meritocracia e depositar a culpa do insucesso no outro, é pura hipocrisia.
[1] Fonte: Agência Senado.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/10/25/prazo-para-parlamentares-apresentarem-emendas-ao-orcamento-comeca-nesta-segunda-feira#:~:text=Cada%20parlamentar%20ter%C3%A1%20R%24%2017,em%20emendas%20com%20execu%C3%A7%C3%A3o%20obrigat%C3%B3ria. Acesso em: 25/01/2022
[2] Confira a lista em: http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes Acesso em 25/01/2022.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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