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Infelizmente vivemos hoje no Brasil o resultado de anos e anos da ausência de investimento na condição humana. Cérebros marcados por uma alimentação deficiente durante os primeiros anos de vida, uma Educação deficitária, ausência de estímulos culturais e empobrecimento crescente, fizeram surgir uma parcela populacional sofrida cognitivamente e incapaz de ampliar o olhar e enxergar além das mídias sociais.
Diante desse cenário, tornou-se inevitável o surgimento de lideranças populistas que se aproveitando dessa condição cognitiva frágil, chegaram ao poder, usando para isso, além da condição humana estabelecida, a máquina manipuladora das redes sociais.
Como se não bastasse tanta tragédia, descobriu-se a possibilidade de iludir essa população com notícias falsas e tendenciosas, que tinham como foco, pensar pelo outro e reestruturar o inconsciente coletivo. Este humano, que agora não tinha mais voz, passou a consumir passivamente todo o conteúdo midiático, até o ponto de explodir com um grito de guerra que nem ele sabia mais por qual motivo existia, apenas extravasava os anos e anos de desencontro cognitivo e vivência marginal.
O movimento marginal que sufoca o centro
Mas nem tudo é exatamente como parece. Em meio ao caos estabelecido há uma população que de alguma forma teve acesso a boa alimentação, Educação de qualidade e estímulos cerebrais ao tempo certo, mas por algum motivo, de origem ainda desconhecida, não conseguiu a ascensão social sonhada, se estabelecendo à margem daquilo que almejava. Este fenômeno parece aflorar com mais frequência entre uma parcela da chamada classe média brasileira, que por um período não muito distante, teve seu poder financeiro melhorado e que agora, após o desenrolar de suas escolhas políticas, assiste tudo que conquistou indo embora. A única chance de mudança que enxergam parece ser o retrocesso, e quem sabe, poder voltar ao ponto anterior de crescimento e possível ascensão social. O grande problema é que esses cérebros não conseguem perceber o perigo humano de suas escolhas, o aniquilamento populacional que se desenha em um horizonte, que pasmem, é fruto de uma terra de formato CIRCULAR.
O rastro do dinheiro fácil
Há ainda uma outra parcela da população que enriqueceu durante a última década e que agora vê a possibilidade de enriquecer ainda mais com investimentos no exterior, com ganhos reais em moeda estrangeira, aprimorando a prática de fazer o dinheiro trabalhar por ele mesmo, só que agora, em moeda “forte”. Para essa população, quanto pior estiver a nossa economia, melhor para seus investimentos. Enquanto nossa moeda despenca na bolsa de valores, fruto de mandos e desmandos desvairados de origem política, as moedas estrangeiras se valorizam e se transformam em ganho real para uns poucos privilegiados brasileiros.
Há ainda uma classe política que se favorece do caos e encontra terreno fértil para ganho financeiro, poder imediato e possibilidade de renascimento político, se favorecendo do contraditório para estabelecer um discurso salvador.
Não precisamos de salvadores da PÁTRIA, precisamos de pessoas favorecidas cognitivamente, comprometidas com o desenvolvimento humano e capazes de reconstruir o nosso país.
ACORDA BRASIL!
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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