Em um passado relativamente recente, esses profissionais eram conhecidos como chefes da disciplina escolar, os disciplinadores, pessoas duronas, enérgicas e fiscalizadoras, porém, a situação hoje mudou.
Os Monitores, Inspetores ou Bedéis, são agora chamados de Agentes de Organização Escolar e são responsáveis pela continuidade diária da educação trabalhada dentro da sala de aula pelo professor, organizando o ambiente escolar através do diálogo e bons exemplos. Logo, esse profissional precisa participar dos diversos momentos de discussões pedagógicas que ocorrem no interior da escola, fazer parte de fato da equipe educacional, se sentir pertencente ao grande projeto chamado Escola.
Para que esse projeto seja um sucesso, é necessário que toda a comunidade escolar tenha bem definido que tipo de sujeito deseja formar, para só então, organizar em conjunto, com todos os envolvidos, as ações e possíveis reações diante das diversas situações e necessidades escolares. Que sujeito se quer formar?
Talvez alguém que considere as afirmações de Jean – Paul Sartre (1905 – 1980), filósofo francês que privilegiou em seus estudos a existência humana em detrimento da essência. Para ele, o homem primeiramente existe, descobre-se, surge no mundo e só depois se define. Sua escolha afeta não só ao homem que a fez, mas, toda a humanidade. À medida que constrói sua imagem, constrói também sua época e sua sociedade.
Assim, o primeiro esforço do existencialismo é de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua estrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. (OLIVEIRA; 1996, p. 146)
Partindo desse conceito, é possível perceber que os atos dos sujeitos não podem ser pensados individualmente, visto que estão no mundo e dependem dele para sobreviver. Uma escola, enquanto representatividade social, não se faz apenas com um segmento de profissionais, se faz na coletividade e os Agentes fazem parte dessa coletividade.
Os Agentes de Organização são pessoas por diversas vezes mais próximas dos alunos, por se relacionarem com os educandos em horários mais descontraídos, de conversa livre, onde a empolgação da turma de amigos permite a descoberta de percepções discentes fundamentais para o sucesso escolar.
Ter a oportunidade de contar com esses profissionais nas reuniões de planejamento escolar, Conselhos de Escola ou em outros momentos de reuniões pedagógicas oportunizados na escola, além de enriquecer as discussões, permite a construção de um ambiente educacional onde todos começam a alinhar suas falas, ações e decisões, com um objetivo comum, o de formar sujeitos comprometidos com a sociedade em que vivem.
Todos juntos somos mais fortes!
Referências
OLIVEIRA, A. M. (org.) Primeira Filosofia: aspectos da história da filosofia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1996
SARTRE, Jean-Paul. Sartre no Brasil: a Conferência de Araraquara. São Paulo:
Paz e Terra: UNESP, 1987b.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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