A Inteligência Artificial é hoje uma realidade e está presente em nossa vida diária. Ela foi pensada e criada a partir da observação e estudo do cérebro humano, imitando nossas redes neurais hierárquicas, que estruturam a construção do conhecimento cerebral. Logo, ela só existe porque nós existimos e não o contrário.
Essas redes presentes em nosso cérebro e estudadas pela Neurociência, foram usadas como modelo para a construção dos arquétipos de inteligência artificial, também chamados de computação cognitiva.
Para entender melhor essa história, podemos exemplificá-la com as etapas da aquisição de um conhecimento novo pelo cérebro humano:
- Primeiro é necessário que tenha disponível no cérebro uma rede de neurônios aptos e robustos para compreender os primeiros elementos de um novo conhecimento, para só então ampliá-lo;
- Quando o sujeito recebe uma informação nova, ela é comparada aos padrões cerebrais já existentes e se tiver significado, formará nova conexão neural, novas possibilidades de combinações desses padrões. É então armazenada na memória e pode ser acessada quando necessário. Ao acessar essas memórias e combinar novamente, ampliamos o entendimento, ampliamos a aprendizagem de um padrão já existente, construímos uma rede hierárquica, que será capaz de dar respostas cada vez mais precisas a questões complexas conforme é alimentada com novos saberes e estimulada a construir e ampliar seus circuitos neurais;
- Conhecer os tempos de construção das redes neurais humanas e como elas se estruturam é fundamental para estimular de forma adequada a aquisição de novos conhecimentos.
Na computação cognitiva isso não é diferente
A Inteligência Artificial se baseia no mesmo caminho do cérebro humano. É alimentada com novos dados e a partir das informações constrói uma rede hierárquica de conhecimentos cruzados e conectados com vários padrões que se ampliam formando novas edificações de dados em rede.
Nossas perguntas, nossas postagens, nossas respostas e toda a nossa comunicação por meio eletrônico, de alguma forma, pode estar alimentando essa rede robótica invisível. Quanto mais dados são inseridos, mais edificada e robusta se torna a rede e mais apta a dar respostas rápidas e precisas.
O que precisamos garantir é que a comunicação entre essa nova inteligência e o cérebro humano esteja também enriquecendo nossa rede hierárquica cerebral e não apenas a artificial, do contrário, estaremos correndo alguns riscos.
O papel do homem frente a essa nova forma de inteligência
Se nos acomodarmos diante das facilidades dessa nova inteligência e trabalharmos cada vez menos a construção de nossas próprias redes hierárquicas cerebrais, seremos dependentes dessa artificialidade em breve.
Mas se nos aproveitarmos dessa oportunidade única para nos livrarmos de alguns entraves tediosos que fazemos as vezes automaticamente e que nos tomam um tempo precioso que poderia ser usado para exercícios de criatividade cognitiva, estaremos a frente das máquinas e as usaremos a nosso favor, sempre.
A interação entre homem e máquina nos próximos anos somente beneficiará a humanidade se for capaz de ampliar nossos recursos humanos, técnicos e naturais para enfrentar os desafios modernos da humanidade, como a fome, a desigualdade, a ambição sem limites e a morte.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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