Os pais ou os responsáveis representam para as crianças o primeiro contato com o mundo dos humanos, momento onde é construído o padrão mental sobre o que é ser um adulto. Para que esse padrão seja edificado de forma harmoniosa, é preciso, entre muitos saberes, que esses pais ou responsáveis sejam hábeis socialmente.
As Habilidades Sociais Educativas (HSE) são habilidades que pais, professores e demais pessoas adultas comprometidas com a promoção do desenvolvimento e aprendizagem do outro lançam mão ao educar uma criança.
Podemos classificar o comportamento humano no meio social de duas formas: os antissociais e os com habilidades sociais. Dentro dos antissociais podemos citar as pessoas que frequentemente são agressivas verbalmente e/ou fisicamente, a ponto de comprometer a qualidade de suas relações interpessoais. Por outro lado, pessoas com habilidades sociais bem desenvolvidas, se portam de forma construtiva em relação a qualidade e a efetividade das interações com as demais.
O desenvolvimento cerebral
As Habilidades Sociais Educativas são aprendidas e estimuladas durante toda a vida, porém, é na infância que seu estímulo adequado se torna primordial. Isso ocorre pelo período de pico maturacional do córtex pré-frontal, região do cérebro que nos diferencia dos outros seres vivos da terra, por permitir o processamento dos pensamentos, a avaliação das possíveis consequências de atos e de compreender as relações causais de longo prazo entre comportamentos e resultados.
Por conta dessa incrível capacidade cerebral para a vida humana em sociedade, alguns cuidados e estímulos adequados com as crianças podem fazer toda a diferença na vida adulta dos pequenos. Diferença que deve ir além do estímulo, estabelecendo uma relação sem ruídos entre o que se fala e o que se faz, tornando o adulto um exemplo vivo de habilidades sociais bem desenvolvidas.
As principais habilidades sociais educativas dos pais
Entre as diversas habilidades sociais educativas dos pais (HSE-P), há algumas de destaque que podem intervir positivamente na educação dos filhos:
- Expressar sentimentos positivos e negativos sobre o comportamento dos filhos. Na dose certa, a frustração acompanhada dos devidos cuidados emocionais e cognitivos, é um importante pilar na construção mental e comportamental das crianças. Conversar com os pequenos sobre seus tropeços e possíveis soluções, permite ampliar sua visão de mundo;
- Cumprir promessas. É preciso prometer aquilo que se pode cumprir, do contrário, a criança se sentirá confusa, insegura e poderá expressar agressividade;
- Aceitar o recebimento de críticas. As críticas construtivas, quando bem colocadas, permitem o fortalecimento emocional da criança e o desenvolvimento de novas ideias, promovendo a função cerebral de flexibilidade cognitiva;
- Evitar o uso de punições. Irão apenas reforçar memórias negativas e traumáticas.
- Elogiar comportamentos habilidosos. Reforçará memórias positivas e a autoconfiança;
- Agir enquanto casal de forma harmoniosa com os filhos, sem discordância comportamental e ideológica;
- Participar enquanto pai ativamente da vida dos filhos, dividindo igualmente as funções entre o casal.
Estas habilidades representam apenas um recorte entre várias outras também importantes. Mas se forem cuidadas e praticadas, representarão um enorme passo para a construção de adultos mais hábeis socialmente e mais felizes.
A saúde de nossa sociedade agradece!
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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