Fecha-se a cortina, muda-se o cenário, trocam-se os atores e um novo espetáculo tem início, só que o roteiro para ter sucesso depende de continuidade. Como fazer? O que considerar prioritário? Quem deve escolher as prioridades? O que esperar da educação no Brasil?
Futuro da Educação Brasileira
Infelizmente a história de nosso país não tem relevantes registros da adoção de Políticas de Estado para a Educação brasileira, o que assistimos com frequência são sucessivas e descontinuadas Políticas de Governo para a Educação. A adoção da nova Base Nacional Comum Curricular tem a pretensão de garantir uma continuidade curricular que possa ir além das mudanças de Governo. Mas será ela sozinha suficiente? Qual a perspectiva da educação para o futuro?
A Educação é um tema de pouca atenção em nossa sociedade, perdendo drasticamente para temas econômicos e midiáticos. Percebemos essa atenção seletiva desfavorável à Educação quando, por exemplo, nos deparamos com os telejornais noturnos, que diariamente apresentam comentaristas econômicos bem vestidos, transbordando o tão sonhado sucesso profissional, falando sobre estratégias econômicas, inflação e demais temas de sua área de atuação, mas não vemos Educadores falando da Educação. Qual o motivo de não falarmos sobre Educação diariamente nos meios de comunicação se é só por ela existir que existem economistas?
E a situação por vezes ainda fica pior, pois esses economistas começam a aplicar a sua lógica capitalista para pensar a Educação. Não sei não, mas tenho a impressão que algo está fora de ordem…
Já se observarmos as constituições familiares brasileiras em seu convívio diário, percebemos que atribuem valor à Educação escolar, querem ver seus filhos na escola, cobram melhores condições de ensino, mas não conseguem ampliar o olhar para a complexidade do tema Educação. O pensam em termos imediatos, como uma possibilidade de emprego melhor para seus filhos e filhas. Novamente a lógica econômica se faz presente.
Talvez esse pensamento imediatista venha como consequência da precariedade de atendimento das necessidades básicas da maioria dos brasileiros, embrutecendo os indivíduos e os condenando, por esta condição, a pensar apenas no imediato, como se o futuro fosse uma questão de sorte, ou pudesse ser construído por alguém externo, enquanto ele, indivíduo, pensa apenas em sua sobrevivência. Situação que abre espaço para que alguns poucos escolhidos pensem por todos, sem a participação da parte mais interessada, a sociedade brasileira.
Espero que tenhamos nos novos Governos pessoas que entendam a necessidade de adotarmos uma Política de Estado para a Educação, onde haja espaço para a reflexão conjunta sobre os interesses mais permanentes e consolidados do Estado, ao invés de pensar apenas nas prioridades, no estilo e na ênfase do tom político definido por forças responsáveis pela direção do poder executivo Nacional ou Estadual. Essa educação que eu quero para o futuro.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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