Será que essa criança tem dislexia?

Com o início das aulas, é comum pais e professores alimentarem altas expectativas sobre a aprendizagem das crianças. Logo nos primeiros dias, são aplicadas algumas avaliações diagnósticas com o objetivo de planejar melhor as atividades pedagógicas do ano e quando uma criança não vai bem de forma discrepante, alertas precisam ser dados e uma observação mais atenta deve ter início pelos pais e professores.

São vários os motivos que podem influenciar negativamente a aprendizagem de uma criança. Pode ocorrer por uma simples e passageira falta de atenção ou até por problemas neurobiológicos. Dentro deste último, a dislexia pode estar presente.

O desafio de entender a Dislexia

Trata-se de um transtorno específico da aprendizagem, de base neurobiológica, que dificulta a leitura e a escrita.  Tem seu foco no sistema cerebral responsável pelo processamento fonológico, dificultando o processo de associação dos sons das palavras com letras em sequência e sua representação. Há também dificuldades na memória de trabalho, na nomeação rápida e no processamento de informações.

Quando houver suspeita de dislexia, uma avaliação diagnóstica com especialistas das áreas de fonoaudiologia, neuropsicologia e psicopedagogia torna-se fundamental.

Segundo o “Instituto ABCD que se dedica ao estudo do transtorno e fomento de políticas públicas voltadas aos portadores de dislexia, é possível pais e professores observarem os primeiros sinais de risco para dislexia já na fase pré-escolar:

Como identificar os sinais de risco para Dislexia

Na linguagem oral:

  • Atraso no desenvolvimento da fala (crianças começam a falar com cerca de 1 ano e a formar frases entre 18 meses e 2 anos. Crianças com sinal de risco para dislexia falam primeiras palavras após 15-18 meses e frases curtas somente após 2 anos);
  • Problemas para formar palavras de forma correta, como trocar a ordem dos sons na palavra (popica / pipoca) ou confundir palavras semelhantes (umidade / humanidade);
  • Erros de pronúncia, incluindo trocas, omissões, substituições, adições e misturas de fonemas;
  • Dificuldade para nomear letras, números e cores;
  • Dificuldade em atividades de aliteração e rima;
  • Dificuldade para se expressar de forma clara.

Na leitura:

  • Dificuldade em decodificar palavras;
  • Erros no reconhecimento de palavras, mesmo das mais frequentes;
  • Leitura oral devagar e incorreta. Pouca fluência com inadequações de ritmo e entonação, em relação ao esperado para idade e escolaridade;
  • Compreensão de texto prejudicada como consequência da dificuldade para decodificar palavras;
  • Vocabulário reduzido.

Na escrita:

  • Erros de soletração e ortografia, mesmo nas palavras mais frequentes;
  • Omissões, substituições e inversões de letras e/ou sílabas;
  • Dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para idade e escolaridade.

Lembre-se de que a criança com dislexia não conhece outra forma de entender o mundo a não ser a dela, cabe ao adulto que a acompanha, ao perceber os primeiros sinais da dislexia, se informar sobre o transtorno, apoiar incondicionalmente e dar suporte para que essa criança possa enfrentar e superar as barreiras que lhe serão impostas durante a vida.