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É fato que uma boa campanha publicitária estimula nosso sistema emocional de forma inconsciente e nos faz consumir por impulso. Se engana quem nega esta realidade, se ilude aquele que pensa consumir algo apenas de forma consciente.
Todo produto geralmente é mostrado ao consumidor como prazeroso, útil e indispensável, e para isso, as diversas agências de marketing espalhadas pelo mundo procuram desesperadamente provocar no consumidor a necessidade cerebral por aquela marca ou produto. É preciso criar no cérebro do outro uma memória robusta sobre o que se pretende vender. As cores, a direção do olhar, o momento de citar o nome da marca, o instante de anunciar o produto e a hora exata de fisgar o consumidor, são algumas das questões que devem pautar a composição de um marketing bem feito.
Memória e emoção
A emoção potencializa a memória. Quanto mais emocional for uma experiência, mais nos lembraremos dela por mais tempo. Se algo é extraordinário para despertar nossas emoções, nosso cérebro entende que é importante o suficiente para ser lembrado e se possível, consumido imediatamente.
Somos seres emocionais e a partir da significação de nossas memórias, sentimos o mundo e reagimos a ele. Mas há uma diferença entre emoção e sentimento. Emoção é comportamento, é a resposta do corpo para situações de estímulo ambiental com relevância emocional. Já o sentimento, é a experiência que acontece na mente sobre o que ocorre no corpo em situação de emoção, atribuindo sentido a aquela vivência emocional. No caso do marketing, para que o sucesso seja alcançado, é preciso estimular tanto a emoção como o sentimento, do contrário, o consumo não ocorrerá, ficará apenas armazenado na memória, ou talvez, nem isso.
A máquina que nos leva ao consumo
A Inteligência Artificial é hoje uma realidade e está presente em nossa vida diária. Ela foi pensada e criada a partir da observação e estudo do cérebro humano, imitando nossas redes neurais hierárquicas, que estruturam a construção do conhecimento no interior do cérebro humano. Logo, ela só existe porque nós existimos e não o contrário.
Este tipo de inteligência se baseia no mesmo caminho do cérebro humano. É alimentada com novos dados e a partir das informações constrói uma rede hierárquica de conhecimentos cruzados e conectados com vários padrões que se ampliam formando novas edificações de dados em rede. Nossas perguntas, nossas postagens, nossas respostas e toda a nossa comunicação por meio eletrônico, de alguma forma, pode estar alimentando essa rede robótica invisível. Quanto mais dados são inseridos, mais edificada e robusta se torna a rede e mais apta a dar respostas rápidas e precisas.
O que precisamos garantir é que a comunicação entre essa nova inteligência e o cérebro humano esteja também enriquecendo nossa rede hierárquica cerebral e não apenas a artificial, do contrário, estaremos correndo alguns riscos, um deles é se entregar ao consumo inconsciente.
O tripé cérebro, máquina e marketing hoje, responde pela maior parte do estímulo ao consumo inconsciente humano, chegando de várias formas ao interior do sistema nervoso central e impulsionando o comportamento, as emoções e os sentimentos na vida moderna.
A interação entre homem e máquina nos próximos anos somente beneficiará a humanidade se for capaz de ampliar nossos recursos humanos, técnicos e naturais para enfrentar os desafios modernos da humanidade, como a fome, a desigualdade, a ambição sem limites e a morte.