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Ao ler o título deste artigo, você pode se perguntar se o fenômeno da violência já não é algo antigo e que independe da pandemia. De fato, a violência humana está presente entre nós há muitos séculos e garanto que tudo já foi bem mais agressivo e desumano, mas, em pleno século XXI, isso não deveria ter sido superado?

A humanidade está em constante evolução, nosso cérebro evolui de acordo com o meio onde vive, como responde aos estímulos externos aos quais está exposto e por questões genéticas. Algumas regiões cerebrais não nascem maduras, vão amadurecendo com o tempo, principalmente as áreas relacionadas com o discernimento, ponderação, pensamentos complexos, criatividade, planejamento e controle inibitório, o próprio entendimento de conceitos subjetivos como a moral, respeito coletivo e convivência social, só são reconhecidos pelo cérebro e incorporados ao comportamento humano, se bem estimulados entre o nascimento e, em média, até os vinte cinco anos de idade, antes dessa fase, está em maturação.

A hora que o mundo parou

Ocorre que, no meio de um processo evolutivo cerebral coletivo, próprio da condição humana, aconteceu uma pandemia, e um sentimento de medo mortal tomou conta do mundo. Um trauma coletivo se instalou e os cérebros humanos passaram a trabalhar no “modo” sobrevivência. Nessas condições, a região cerebral mais acionada é a chamada de sistema límbico, responsável, entre outras funções, pelas emoções.

Imaginem uma população com medo, trancada dentro de suas casas, assistindo pelos diversos meios de comunicação um boletim diário com número de mortes, que facilmente, passavam de centenas por dia. Evidente que seus cérebros só pensavam em como sobreviver a esse caos. Nesses casos, a capacidade de diálogo cerebral entre a emoção e a razão, fica prejudicado e a mente apresenta tendência ao embrutecimento, devido a condição limite vivida pelo humano. É nessa hora, que a violência aparece com mais força.

Somos seres sociais e precisamos da convivência coletiva para nossa evolução mental. Longe dessa condição, corremos o risco de regredir enquanto humanidade e apresentar diversos comportamentos considerados agressivos, que antes do fenômeno do chamado “distanciamento social”, não ocorriam com tanta frequência.

Como todo processo de evolução, apesar do fenômeno de regressão mental e social vivido, a humanidade encontrará novamente seu rumo, nos cabe nesse momento, pensar em que mundo gostaríamos de viver pós-pandemia, quais as prioridades e que sociedade queremos, afinal, é sempre bom lembrar que não vivemos sozinhos, dependemos uns dos outros para sobreviver.