As questões diárias presentes nas escolas de Educação Básica abordam inquietações próprias da realidade humana docente e discente. Como melhorar o desempenho das aulas, como melhorar a indisciplina escolar, como fazer uma gestão democrática na escola ou como trabalhar a tecnologia na Educação, são algumas das questões que fomentam o interior das escolas brasileiras. Mas…
Uma nova lógica mundial toma conta da produção humana da terra, a lógica do capital, especificamente, do capital improdutivo. E a Educação parece não estar fora dessa nova ordem planetária.
O dinheiro trabalhando para o dinheiro
Métodos de ensino em massa, currículos implantados e acompanhados por programas que visam a gestão de resultados, avaliações externas e metas quantitativas educacionais, sinalizam a transferência da lógica de mercado para a área educacional. Uma lógica que promove o crescimento financeiro a partir do trabalho do dinheiro pelo dinheiro.
O que vale são bons índices, bons resultados quantitativos, que farão do segmento um bom local para investimento, um bom lugar para que o dinheiro aplicado se multiplique ou triplique, apenas pelo movimento natural do mercado de investimento.
Investimento humano deu lugar para o investimento de capital. No setor privado, assistimos grandes potencias educacionais adquirindo outras escolas e universidades e crescendo cada vez mais, se consolidando no mercado financeiro e atraindo grandes e pequenos investidores, que enxergam nessas fusões ou aquisições, uma oportunidade única de ganho de capital fácil. Perceba que o pequeno investidor está presente no processo, ele pode ser você, seu colega de trabalho, seu vizinho, seu professor ou seu aluno. O foco mudou, ou no mínimo, ficou confuso: educação para o avanço social ou para o crescimento econômico?
A Escola Pública dentro desse novo mundo
Para a Escola Pública, sobra o ônus desse novo arranjo mundial, sendo levada a formar alunos prontos rapidamente para o mercado de trabalho, com o objetivo de impulsionar esse grande mercado. Habilidades e Competências são cuidadosamente recortadas para a formação desse novo sujeito.
Diante dessa lógica, há uma alternativa para a escola pública brasileira, reunir toda a sua comunidade e construir seu Projeto Político Pedagógico, identificando qual sujeito se quer formar e como ele contribuirá para uma sociedade mais justa e humana.
O papel da escola é formar sujeitos que não se enganem facilmente com as armadilhas diárias do mundo globalizado, que tenham discernimento suficiente para observar a dialética mundial e identificar sua intenção e perversidade social, para então, fazer diferente.
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Roberta Bocchi
Atualmente é pesquisadora e estudiosa da área de Neurociência aplicada à Educação pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Trabalha como Supervisora de Ensino efetiva da Rede de Educação Básica do Estado de São Paulo, onde também desenvolve pesquisas na área de Financiamento Público Educacional, Gestão Escolar e Currículo.
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