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Na tradição hinduísta, o terceiro olho é relacionado à capacidade intuitiva e à percepção aguda de algumas sutilezas da vida humana, como a telepatia e a clarividência. Mas os estudos desenvolvidos pela neurociência nos mostraram que a função desse “olho que tudo vê” vai além de seu desempenho místico.

O cérebro humano é composto por bilhões de neurônios que se conectam a partir dos estímulos internos e externos que ocorrem durante toda a vida. Além desse complexo conectoma, há no interior do encéfalo regiões específicas responsáveis pelas funções corporais e mentais, que são ativadas em situações peculiares, entre elas, nas profundezas do sistema nervoso central, está situado o pequeno e compacto “locus ceruleus”, nosso olho interior que tudo vê.

A janela cerebral

O locus ceruleus controla diretamente as pupilas, que se dilatam de acordo com o foco de atenção e esforço mental exercido no momento. Geralmente, isso ocorre quando algo provoca dor ou é novidade, conduzindo essas informações para todo o cérebro através da liberação de um neurotransmissor denominado noradrenalina, que auxilia na regulação de funções cerebrais importantes como humor, concentração, atenção e memória.

Esse olho que tudo vê está na verdade escaneando o ambiente externo e interno o tempo todo, sem que o indivíduo tenha consciência do processo. Suas aferências dopaminérgicas estão relacionadas diretamente com o estado de vigília e, na ausência de estímulos relevantes, como no caso das atividades noturnas que antecedem o adormecer, a janela se fecha, alguns estímulos químicos diminuem e adormecemos. As percepções conscientes e inconscientes acumuladas durante o dia e as memórias acumuladas, nesse momento se entrelaçam livremente pelo cérebro, dando início ao período dos sonhos.

A cor do terceiro olho

O locus ceruleus é formado por uma grande concentração neuronal e abriga no seu interior grânulos de melanina, dando-lhe a aparência de cor azul.

Tanto a ciência como a espiritualidade acabam concordando com a afirmação de que se trata de um poderoso centro transmissor e receptor de informações, capaz de se conectar com todo o encéfalo humano.

Vale ressaltar, que técnicas como meditação, yoga e outras formas de relaxamento, que na maioria das vezes são citadas em textos relacionados a possíveis técnicas de ativação do terceiro olho, podem representar alternativas válidas se considerarmos a saúde cerebral humana como um todo.

O locus ceruleus e todo o seu sistema nervoso central agradecerá!